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História

"Descripçam da freguesia de Sam Pedro de Reymonda e do que se procura saber pelos interrogatórios impressos mandados pelo Muyto Reverendo Douitor Provisor do Arcebispado Primaz."

Esta freguesia de Sam Pedro de reymonda sita na provincia do Minho é do Arcebispado de Braga Primaz, Comarca no Secular da cidade do Porto e no ecclesiastico é da sobredita cidade de Braga e Concelho de Aguiar de Souza e termo da dita cidade do Porto e é terra del Rey, e confina pela parte do Norte com a freguezia de Sam João Baptista de Codessos(...)

Tem esta freguezia de Sam Pedro de Reymonda cento e sinco fogos: pessoas de sacramento trezentas e seis, menores sincoenta e dous. Esta freguezia esta situada em huma planicie que se chama a Cham de Ferreira, comprehende seis lugares ou aldeyias, que vem a ser o lugar dos Cazaes, o lugar de Rozende, o lugar da Igreja, o lugar do Outeiro, o lugar de Parada de Sima, o lugar de Reguengo; e a Igreja está situada no meyo da mesma freguezia no lugar chamado a Igreja e a pé della vay huma estrada para a cidade do Porto e a rezidencia do Parocho fica quazi no fim da mesma freguezia”.

Assim começava o relatório do Abade de São Pedro de Raimonda, Padre Manuel Marques, em resposta aos Inquéritos Paroquiais ordenados em 1758 pelo Rei D. José I.

Nesta altura – meados do séc. XVIII – Raimonda, fazendo parte do termo da cidade do Porto, pertencia ao concelho de Aguiar de Sousa, que agrupava treze das actuais dezasseis freguesias que compõem o concelho de Paços de Ferreira.

Terra antiga, poiso romano durante muito tempo, Raimonda surge referida num documento de 1095 sob o nome de Gondesende.

Nestes alvores da nacionalidade, integrava-se ainda numa vasta unidade política, a chamada Terra de Sousa, que englobava a área situada entre os vales do rio Tâmega e Ferreira. Gondesende iria crescer, de tamanho e de importância, mais tarde chamar-se-ia Rosende e depois, por artes de uma “rica senhora”, São Pedro de Reymonda.

Actualmente, a freguesia de Raimonda, tem cerca de três mil habitantes. A indústria do mobiliário movimenta grande parte da população e a rede de estradas vai crecsendo em direcção á sede do concelho e ao Porto, no sentido de possibilitar o desenvolvimento de uma pequena povoação que, apesar de ser quase anónima em Portugal, já foi vedeta, ainda há bem pouco tempo, de um programa de televisão alemão. Merece bem uma visita pela excepcional riqueza paisagística, patrimonial e artística.

Tempos sem memória

Zona de montanha e floresta, o território que constitui actualmente a freguesia de S. Pedro de Raimonda reunia as condições propícias para os primeiros povos que se fixaram na região.

Um clima favorável, caracterizado por temperaturas amenas e chuvas abundantes.

Um solo muito fértil, não pela sua estrutura geológica mas antes por acção de um clima muito rico em água. Uma vegetação densa, resultante dos factores anteriores.

Condições que estimularam, sem dúvida, a fixação dos mais diversos povos e culturas, desde os tempos mais remotos, em todo o actual território de Portugal.

Mergulha na noite dos tempos a presença do homem na parte ocidental da Península Ibérica, porque os vestígios arqueológicos para essa época são diminutos e os estudos realizados até agora estão longe de responder a tantas dúvidas.

O que se sabe, e é por aí que teremos de começar, é que os primeiros vestígios de um povoamento sedentário, baseado numa economia agrícola, no concelho de Paços de Ferreira, remontam ao quarto milénio antes de Cristo.

A chamada cultura megalítica – marcada pela prática da inumação colectiva em grandes monumentos construídos para o efeito deixou algumas marcas, que nos permitem conhecer um pouco do modo de vida destas populações neolíticas.

Viviam da agricultura e da domesticação de animais, habitavam em pequenas e toscas casas, construídas em argila ou madeira, e dedicavam-se a cerimónias tribais ligadas á magia astral ou ao culto da fertilidade.

Construíam dólmens ou antas, monumentos constituídos por uma câmara e um corredor de acesso, coberto por lages, nos quais sepultavam os seus mortos.

Não chegaram aos nossos dias, infelizmente, muitos vestígios destes monumentos megalíticos no concelho de Paços de Ferreira.

Por acção do tempo, ou por acção do homem, o certo é que apenas em Lamoso é possível, actualmente, encontrar o resto de um dólmen, construído há mais de três mil anos por anónimos antepassados nossos.

A cultura castreja

Entretanto, ligada á civilização do ferro, desde o século X antes de Cristo. Que se fora desenvolvendo no território da Península Ibérica uma civilização castreja, que seria como que um vínculo entre os povoadores do Neolítico e os Lusitanos.
Os castros eram povoações fortificadas, defendidas por duas ou três linhas de muralhas, que se ergueram no cimo dos montes, nas quais se fixavam tribos, em busca de segurança e de defesa contra grupos rivais.

Da Terra de Sousa ao Termo do Porto

Pedro da Raimonda integrou-se, no início da época medieval, numa unidade politico-administrativa mais vasta, a chamada Terra de Sousa, que englobava uma área situada entre os vales do rio Tâmega e Ferreira, uma das vias de comunicação entre as bacias do Ave, Vizela e do Douro.

A tenência da terra era exercida por representantes da família Sousa, através de delegação régia. Um facto que fortalecia a implantação regional, e que era resultado de recompensa por serviços desempenhados pelos Nobres junto do Monarca.

Embora sufragânea da Paróquia de São Tiago de Lustosa, Raimonda já é referida em 1095. nessa altura, era ainda chamada de Gondesende, mais tarde transformar-se-ia em Rosende e finalmente em São Pedro de Reymonda.

Nesse documento de 1095, a CondessaMumma de Guimarães, antes de morrer, indica aos seus filhos uma série de rendimentos que possui na Châ de Ferreira, entre os quais em Gondesende. Tudo leva a crer, segundo Manuel Vieira Dinis, que o topónimo actual teve origem numa senhora muito endinheirada que viveu em Raimonda e que, através de um “auspicioso” emprazamento, ditou o seu querer e deu o seu nome àquele lugar.

É toda esta zona de implantação nobiliárquica, dominada pelo Sousa, que nas Inquirições de 1220, através de intervenção régia, aparece abrangida pela designação de Termo de Ferreira.

O Termo de Ferreira incluía as freguesias de Raimonda, Lamoso, Codessos, Sanfins de Ferreira, Eiriz e Carvalhosa.

As outras freguesias do actual concelho, a Sul integravam-se no Termo de Aguiar, que tinha o seu centro no castelo de Aguiar de Sousa.

Este reordenamento administrativo, do qual resultou a fragmentação da antiga Terra de Sousa, explica-se pela política centralizadora e anti-senhorial que D. Afonso III empreendeu desde que subiu ao trono. Nas inquirições de 1258, a Coroa vai mais longe e propõe uma nova divisão em dois julgados: o Julgado de Refojos de Riba d’Ave e o Julgado de Aguiar de Sousa, que compreende todas as outras freguesias Raimonda vai ser integrada neste último julgado.
Cada um destes julgados estaria sob a jurisdição de um juíz, que nele representaria os interesses do Rei, quando na antiga Terra de Sousa e mais tarde no Termo de Ferreira essa jurisdição estava nas mãos da Nobreza.

A tendência, como se vê, era para uma crescente centralização, e os dois julgados criados em 1258 acabaram por ser integrados no chamado Termo do Porto e na sua comarca e provedoria, em 1385, como recompensa pelo auxílio que os homens-bons da cidade deram a D. João I durante a crise que antecedeu a sua subida ao trono.

O “Brasileiro” em Raimonda
Durante a Época Moderna, por volta do século XVII, deu-se um fenómeno importante em Raimonda, que se estendeu um pouco para o resto do concelho: a emigração para o Brasil.

Fenómeno que foi fundamental para a economia da região, principalmente no momento em que as remessas dos emigrantes, e eles próprios, já enriquecidos, começaram a voltar á sua terra. As marcas do “brasileiro” e do seu regresso permanecem um pouco por toda a Freguesia. Não é por acaso que já Pinho Leal, em referência ao brasileiro”, dizia que Raimonda era a mais rica freguesia do concelho, e que, localmente, a mesma é conhecida por “terra do dinheiro”. É antes uma realidade concreta, provocada pela concentração do capital “brasileiro” na Freguesia. Um “brasileiro” que só se sentia completo quando, depois de uma vida inteira a mourejar, e a verter lágrimas, suor e sangue, voltava á sua terra para reconstruir a antiga casa paterna ou para construir prédio novo no “verde canto da aldeia”. Como dizia José Augusto Vieira, na descrição que fazia de Paços de Ferreira em “O Minho Pitoresco”.

Em Raimonda, as marcas do “brasileiro” ficaram patentes nos grandes palacetes, de cores vivas, os muros e portões de ferro com que eram vedadas as suas propriedades. A bonita Igreja Paroquial é no entanto o maior “marco” da presença e da importância do “brasileiro” no desenvolvimento económico da Freguesia. Inaugurada em 1710, a sua construção só foi possível graças ao dinheiro de um desses tais “brasileiros” tão devotos á sua terra. Que no seu acto simbolizou o amor inesquecível á terra-mãe.
Património Rico
É da maior importância a preservação do património histórico de S. Pedro da Raimonda.

A igreja paroquial, inaugurada em 1710, é ponto obrigatório de visita, pelo que representa da mais artística talha de todo o concelho e até do norte do país. É também uma informação de fé e de força económica dos antepassados da terra.

Edifício elegante e bem proporcionado, possui uma capela-mor muito rica, de estilo renascença-barroco. Realce também para os altares laterais, para o retábulo do altar-mor, para as pinturas de motivos bíblicos nas paredes e os caixotões do tecto.

A mais antiga pintura existente em Portugal sobre o Sagrado Coração de Jesus, segundo o Padre Alexandrino Brochado, encontra-se na Igreja Paroquial de Raimonda.

Os quadros que decoram as paredes da capela-mor são dedicados a Santo Onório, Santo Agostinho e São Cristovão, de um lado, e São Dâmaso, São Jerónimo e São Lucas, do outro lado.

Na frontaria externa, há uma bonita imagem gótica de São Pedro, que pertencia á igreja anterior, e que, por ser do mesmo estilo e época, se pode relacionar com a existente em Ferreira e Carvalhosa.

Todo este conjunto faz da igreja paroquial de Raimonda – nomeadamente da sua capela – mor – uma verdadeira preciosidade artística, difícil de encontrar noutra Paróquia rural da dimensão de Raimonda.

A igreja antiga foi demolida, por volta de 1700, por ser considerada demasiado exígua. Estava situada no lugar onde hoje se situa o palheiro da Casa da Baptista, actualmente propriedade dos Padres Beneditinos.

Esta Ermida de São Pedro de Rosende, que tinha dois sinos e cinco altares (o Altar-Mor e quatro colaterais), foi erigida em meados do século XIII, sob a designação de “Heremiti Sancti Petri de Gondesende”. Não tardou a alcançar a categoria de Igreja Baptismal, sufragânea da de São Tiago de Lustosa.
A Capela de Santo Amaro, situada no lugar com o mesmo nome, junto à corrente inicial do rio Ferreira, foi construída em 1632.

O seu altar é modesto, com santuário envidraçado. A sua maior originalidade é uma empena, com cruz flordelisada. Construída inicialmente em 1717, foi reedificada em 1894, ampliada em 1942 e restaurada em 1979 (substituição do tecto).

A Capela de Santo Cristo está situado no cemitério. Pensa-se que a sua construção terminou em 1899. Tem uma cuidada cornija de granito lavrada e um altar interior muito vulgar.

Destaque para uma lápide branca de mármore com a seguinte inscrição: “Qui sperant in te in aeternum exultabant” (Os que em ti esperam, gozarão alegrias eternas). Lateralmente, dois motivos: um coração e uma âncora a terminar em cruz, cujo significado não se conhece.

A Capela da Virgem Maria, vulgo Nossa Senhora do Desterro, está situada no lugar de Parada e é também conhecida por Capela de Jesus, Maria e José. Foi aberta ao culto em 1721, conforme se lê no portal (A+7XXI). Documentos de 1758 referem já a sua existência, numa altura que Gualter Martins Leão era o seu zelador.

O altar-mor, original, é muito valioso sob o ponto de vista artístico: talha dourada, colunas com torcidas, cornija artística, tendo por remates figuras de anjos.

A imagem principal era a da Nossa Senhora do desterro (Nossa Senhora com o menino a caminho do desterro).

Em Visitação á Capela, nos finais do século, o Dr. José da Glória Camelo, Abade de São Martinho de Cavalões, considerou-a “perfeita e bem aceada em todo o material, tendo muito bom retábulo e tecto em madeira”.

A Capela de Nossa Senhora do Alívio, anexa á Casa de Rosende, foi construída em 1884 por iniciativa de D. Engrácia Ferreira Neto Freire de Vasconcelos, proprietária do Solar anexo. Durante muitos anos, ia expressamente um sacerdote de Freamunde, o Padre Florêncio, celebrar missa nesta Capela.

Do maior interesse artístico é também o Cemitério de Raimonda, muito rico e demonstrador da importância do capital “brasileiro” dos séculos XVIII e XIX. De realçar a Capela-Jazigo da Fidalga de Rosende, um edifício com frontal muito trabalhado, todo em mármore, riquíssimo.

No interior, uma decoração com anjos em coroa. Ao alto, pode ler-se: "1909 – Jazigo da Família Engrácia F. Netto M. Freire”.

Do conjunto arquitectónico edificado, destaque ainda para a Casa da Torre, a Casa de Rosende, a Casa da Velha, a Casa do Reguengo, a Casa de Santo António e uma outra, com capela, no lugar do Outeiro.

São casas e solares que mostram a pujança económica e o gosto artístico das famílias senhoriais da freguesia durante os séculos XVII a XIX.

Aliado a este património possível de fruição, um outro, ligado ás tradições, ao traje á música e á dança de índole folclórica, tem sido revivificado pelo dinamismo e a arte das gentes da freguesia.

No seu conjunto, a paisagem, o património edificado, o que resta e se conserva ainda de antigos utensílios agrícolas e sobretudo a arte religiosa, rica e esplendorosa, bem merecem uma visita repousante e demorada.

 

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